A Baixada Maranhense, reconhecida por sua vasta rede de campos alagados e lagos exuberantes, enfrenta uma seca severa que está transformando drasticamente a paisagem e o modo de vida em São Bento e outros municípios da região. A estiagem prolongada ameaça recursos naturais vitais, como os campos e lagos de São Bento, que são fundamentais para a subsistência de milhares de pessoas.
São Bento, conhecida por suas extensas áreas de campos inundáveis que alimentam a atividade pesqueira artesanal e a criação de gado, está entre os municípios mais impactados. Reservatórios naturais, como os campos do bairro Alegre, estão praticamente secos, um cenário sem precedentes na história local. Esse quadro reflete a situação alarmante dos outros campos e lagos do município, que há anos são sustentáculos da economia rural e do equilíbrio ambiental da região.
“Os campos e lagos eram nosso sustento. Agora, estão secos ou viraram poças de lama. Perdemos os peixes, a água para os animais e, com isso, nossa fonte de renda”, lamenta Manoel Rodrigues, pescador e morador de São Bento.
A Estiagem e os Impactos na Criação de Gado
A seca atinge duramente os criadores de gado da região. Com a diminuição dos campos alagados, essenciais para a oferta de pasto natural, e o desaparecimento dos lagos, o gado enfrenta escassez de alimento e água, levando a um cenário de morte e redução drástica na produção leiteira.
Essa queda na produção de leite impacta diretamente a fabricação do queijo artesanal, um dos produtos mais típicos de São Bento e de toda a Baixada Maranhense. Antes da estiagem, a produção de queijo gerava renda e mantinha viva uma tradição cultural da região. “Sem água para os animais, o leite não chega. E sem leite, não tem queijo. Essa é a realidade que estamos vivendo”, explica Maria do Carmo, produtora local.
A Crise na Pesca Artesanal
A pesca artesanal, que sempre foi uma atividade econômica central nos campos e lagos de São Bento, está em colapso. Com os reservatórios secos, a captura de peixes se tornou praticamente inexistente. As águas que restam estão quentes e pobres em oxigênio, inviabilizando a sobrevivência dos peixes.
“O peixe dos campos sempre foi a base da nossa feira e do sustento das famílias. Hoje, não sobra nada. Estamos sem renda e sem comida”, afirma João Batista, pescador artesanal de São Bento.
Além do impacto econômico, a crise ameaça a segurança alimentar das comunidades, que dependem do pescado para complementar a dieta.
Campos e Lagos: O Pulmão da Região Ameaçado
Os campos e lagos de São Bento sempre foram mais que um recurso natural — são o coração da vida rural e urbana. Eles abastecem não apenas os criadores de gado e pescadores, mas também garantem a biodiversidade da região. Agora, com as áreas secando rapidamente, surgem preocupações sobre o futuro da Baixada Maranhense, caso não sejam tomadas medidas emergenciais e de longo prazo.
A estiagem expõe a fragilidade da gestão dos recursos hídricos e evidencia a necessidade de preservar esses ecossistemas. A degradação dos campos e lagos não impacta apenas a economia, mas compromete o equilíbrio ambiental e a sobrevivência das comunidades.
Caminhos para Enfrentar a Crise
Diante da gravidade da situação, são necessárias ações coordenadas para mitigar os impactos da seca em São Bento e na Baixada Maranhense como um todo. Algumas medidas sugeridas incluem:
- Abastecimento emergencial;
- Envio de caminhões-pipa para as áreas mais afetadas pela estiagem;
- Recuperação e proteção dos campos e lagos: Investimento em projetos que garantam a preservação e revitalização das áreas alagadas, fundamentais para o equilíbrio ambiental;
- Soluções de armazenamento de água: Construção de cisternas e pequenas barragens para armazenar água durante os períodos de chuva;
- Apoio à produção de queijo e à pesca artesanal: Incentivos financeiros e subsídios para produtores e pescadores, garantindo que mantenham suas atividades e preservem a cultura local;
- Planejamento hídrico regional: Implementação de políticas públicas que incluam o reflorestamento das margens dos lagos e rios e a proteção de nascentes.
A crise que afeta os campos e lagos de São Bento é um reflexo do descaso histórico com os recursos naturais da Baixada Maranhense. O esgotamento dos reservatórios, como o dos campos do bairro Alegre, é um exemplo alarmante de como a estiagem pode devastar economias locais e ameaçar modos de vida que dependem diretamente da natureza.
Governos, organizações não governamentais e a sociedade precisam agir com urgência para socorrer as comunidades afetadas e preservar o que resta dos campos e lagos da Baixada Maranhense. Essa luta não é apenas pela sobrevivência imediata, mas também pela garantia de um futuro sustentável para uma das regiões mais ricas e únicas do Brasil.